Bem-Vindo! / Welcome!

CASTELOBRUXO - Diário #2


31 / Janeiro / 2015

Querido diário,

Meus irmãos andam sondando minha repentina mudança de escola, meus pais e minha avó Janaina resolveram não revelar para eles sobre o que estava acontecendo para protege-los. O que é bastante suspeito... Mas suspeito mesmo sou eu entrar em uma escola que ninguém nunca ouviu falar.

No início da semana, minha avó veio me visitar para podermos comprar os materiais escolares, só que meus pais já haviam comprado todo meu material, e quando disse isso a ela, começou a gargalhar sem parar. Quando descemos a comunidade Santa Marta havia um taxista enorme, com olhos fundos e algumas verrugas no pescoço nos esperando. Observei seus dedos grandes e vi uma aliança dourada e fiquei imaginando como seria sua amada esposa (ou esposo, vai saber). Logo ele cumprimentou minha avó com um sorriso largo, pareciam que eram amigos de longa data e então fui apresentada, e ele começou a me chamar de “jovem bruxinha”.

Nosso passeio pela zona sul do Rio de Janeiro não durou muito tempo, até que Virgílio, o taxista parou em uma floricultura e nós descemos e despedimos dele. A floricultura era de se encher os olhos, nunca imaginei que haveria tantos tipos de flores e de tantas cores diferentes. Naquele momento só havia eu e minha avó de cliente na loja, e fomos aproximando do caixa onde havia um gato branco deitado que depois de se espreguiçar nos cumprimentou.


SIM, UM GATO CONVERSOU COMIGO! E minha avó conversava com ele como se fosse a coisa mais natural do mundo, e eu só conseguia imaginar a gata da minha melhor amiga Cristina ouvindo todas as nossas fofocas e segredos. E então minha avó me puxou pelo braço para um quartinho cheio de caixas empilhadas, com um retrato de uma flor branca muito bonita surgindo em uma vitória regia, e em uma plaquinha abaixo do quadro estava escrito Ninféia branca. Então algo surpreendente aconteceu, do centro do quadro começou a sair uma fumaça que nos cobria e então tudo começou a se desfazer, e as paredes foram sumindo.
Fechei os olhos e agachei com medo dos destroços cair em cima de mim, e então minha vó me cutucou, e quando abri os olhos estava diante de uma viela, onde a estrada era de pedras, nada de asfalto ou calçadas, cheia de comércios antigos como aqueles que aparecem nas novelas das 6, mas com algum ar de requinte em algumas. Minha avó me disse que aquele era um dos lugares mais populares de compras mágicas no Rio de Janeiro. Todos ali eram bruxos e bruxas, e eu esperava encontrar aquele estereótipo de cinema, longos vestidos pretos tenebrosos e chapeis pontudos, mas não encontrei ninguém assim. Quanto mais velhas as pessoas, mais exóticos eram suas vestimentas, haviam executivos, hippies, índios.. um show de diversidade!

Uma coisa que me chamava atenção durante as compras com minha avó, era de que havia uma predominância de dourado por toda a parte, em paredes, escadas, sacadas. Então quando entramos em uma loja de pergaminhos, uma senhora com um vestido verde longo, cabelo curto loiro e um nariz avantajado veio nos cumprimentar e logo perguntei se o ouro da sacada de sua loja não poderia ser roubado. E logo ela e minha avó começaram a rir, e me contaram que o ouro é protegido pela mãe do ouro, uma espécie de espirito de uma mulher reluzente como a luz do sol, que após a corrida do ouro que explorou drasticamente o minério no Brasil, ela com ajuda de alguns bruxos lançou uma magia poderosa, onde todo ouro que saísse de terras mágicas para o mundo dos não-mágicos se tornaria pó.

Depois de comprado alguns pergaminhos e livros, fomos em uma loja de gemas e depois em uma de caldeirões onde um senhor com grande bigode nos atendeu. Logo passamos por uma pequena barraca com várias varinhas a venda, e minha avó passou direto. A perguntei se eu não usaria varinha, e ela me explicou que em CasteloBruxo há um ritual no primeiro dia de aula, onde a varinha é dada por uma árvore mágica. Mas a clássica vassoura voadora tivemos que comprar. Se meus irmãos a virem vão tirar sarro da minha cara pelo resto da minha vida, preciso esconder sabiamente até as aulas começarem.

Com todos os materiais em mãos, nossa última parada foi em uma loja de roupas, onde estava cheio de pré-adolescentes como eu, posso afirmar que ali estavam meus futuros colegas de escola. Alguns estavam falando espanhol, o que me intrigou um pouco. Quando uma moça super educada, de terninho verde musgo, de coque com uma presilha de asas de borboletas que se mexiam me entregou o uniforme, logo pensei que seria uma camisa polo branca com a logo da escola. Mas não, era uma camisa branca lisa de manga curta, uma calça de cós alto e uma saia caqui, botas pretas e um sobretudo verde brilhante com detalhes dourados.

Pedi para minha avó tirar uma foto minha do lado da loja de roupas, onde tinha uma escadaria dourada. Por motivos óbvios não pude postar no meu perfil do Facebook, então deixo ela colada aqui no meu diário, para que eu sempre lembre da minha primeira visita a um lugar completamente mágico!


Mariana Aram.
2 comentários

2 comentários :

  1. Meu Deus, tão fofinhas as ilustrações *¬*
    Estou animado pra ver como vai ser quando ela chegar em CasteloBruxo!

    ResponderExcluir